Reflexões sobre o Deus
Muçulmano
Timothy Paul Erdel
Parece que cristãos e
muçulmanos adoram ao mesmo Deus, o único verdadeiro Deus, um Deus
de graça e amor, a quem devemos gratidão eterna. Tanto cristãos
quanto muçulmanos adoram ao Deus de Abraão, o Deus que ouviu o
choro de Ismael, falou com sua mãe, Hagar, que estava chorando,
poupou a ambos e prometeu fazer de Ismael uma grande nação.
Portanto, só poderia ser adequado William Lane Craig recuperar o
argumento cosmológico muçulmano medieval do Kalan sobre a
existência de Deus. Portanto, parecia ser natural quando meu bondoso
aluno muçulmano do Senegal, Abdou Aziz Thianoum, levantava
rotineiramente sua mão e pedia-me para que me lembrasse de suas
necessidades específicas, isto é, quando perguntava se havia algum
pedido dos alunos pelos quais deveria orar antes do início de cada
aula de Introdução à Filosofia na última primavera em Bethel
College, Mishawaka, Indiana.
Nesta mesma primavera,
Aziz fez o discurso de despedida por sua formatura, no banquete do
time de basquete masculino Bethel College Pilots. Ninguém se
esforçou mais nos treinos durante seu tempo em Bethel; mas, devido a
uma série de erros de comunicação extremamente frustrantes e
algumas decisões burocráticas, um excelente futuro atleta de ponta
(que havia recebido autorização para jogar na divisão I da NCAA -
associação de basquete universitário americana) nunca recebeu a
certificação para jogar no nível II da NAIA - outra associação
de basquete universitário com menor prestígio que a NCAA - pela
Bethel. Nem um único segundo ele jogou, por problemas burocráticos.
Apesar disso, seu discurso de despedida foi de extrema gratidão por
tudo que a Bethel é e por tudo o que a família Bethel havia feito
em seu favor. Embora tivesse começado com um pedido de desculpas por
não ser capaz de expressar adequadamente suas emoções verdadeiras,
já que ele "nunca chorava", logo irrompeu em choro,
soluçando incontrolavelmente, e finalmente, após esforços
repetidos para recuperar a compostura, voltou à sua mesa, onde
baixou sua cabeça e chorou silenciosamente até o final do banquete.
A graça de Deus parecia muito mais evidente em sua vida do que na de
outras pessoas naquele campus que eram cristãos confessos.
Ao contrário, o Deus
cristão é o Deus Triúno da ortodoxia histórica cristã, Pai,
Filho e Espírito Santo, o Deus que é amor no âmago do seu ser por
toda a eternidade precisamente porque há um relacionamento de amor
eterno e triúno entre essas três pessoas, Pai, Filho e Espírito
Santo. Esse Deus Triúno, negado pelos muçulmanos, criou todo o
universo, fazendo dos humanos sua imagem e semelhança. Esse Deus de
graça e misericórdia não pesa nossas boas e más obras em uma
balança para ver se iremos para o céu ou para o inferno. Em vez
disso, o Deus revelado nas Escrituras move a balança radicalmente em
nosso favor, muito além de qualquer mérito possível de nossa
parte. Ele faz assim por causa da justificação proporcionada por
seu unigênito Filho, que sofreu e morreu em nosso favor, suportando
uma sequência inacreditavelmente cruel: traição, negação,
deserção, zombaria, espancamentos, açoitamentos e crucificação.
Ninguém que abertamente nega o sacrifício salvífico de Jesus na
cruz deve esperar entrar no Reino de Deus.
É revelador o fato de
alguns ramos do Islã, como o sufismo, que parecem mais abertos à
graça e misericórdia divinas que outros, serem declarados heréticos
por outras correntes do Islã. Portanto, o caminho ao Deus de graça
e misericórdia está bloqueado por afirmações dogmáticas negando
a pessoa divina e a obra salvífica de Jesus Cristo, o Filho de Deus.
Respondo que há apenas
um Juiz, e ainda vemos através de um vidro escuro. Se nossas orações
forem ouvidas e respondidas, além de todo o deserto, esperança ou
expectativa, quem somos nós para determinarmos se Deus ouve ou não
e responde as orações e a adoração de um muçulmano? A maior
parte das ações de Deus permanecem um mistério para nós. Quem
somos nós para declararmos de maneira definitiva o que Deus faz ou
deveria fazer em resposta aos lamentos e súplicas e orações e
adoração daqueles que são criados à sua imagem? Embora precisamos
pregar e ensinar a verdade cristã da forma mais clara e cuidadosa
possível, nunca fazendo concessões sobre as afirmações das
Escrituras, encorajando os muçulmanos a abraçarem a verdadeira fé
em Jesus Cristo, o Filho de Deus, não estamos em posição de fazer
nenhuma determinação final ,que é prerrogativa de Deus e mais
ninguém. Cabe a Deus, não a nós, decidir o quão abrangente é a
sua misericórdia. Oro pela salvação de Aziz assim como oro pela
minha própria salvação e da de meus familiares. Que Deus, em sua
grande misericórdia, ouça as orações de seus filhos e filhas.
Timothy Paul Erdel é
Professor de Religião and Filosofia em Bethel College,
Indiana.
Fonte: Publicado
originalmente em
https://www.emsweb.org/images/occasional-bulletin/special-editions/OB_SpecialEdition_2016.pdf
Traduzido por Fabio
Martelozzo Mendes ( fabiomartelozzo@gmail.com
)
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