quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Reflexões sobre o Deus Muçulmano

Reflexões sobre o Deus Muçulmano













Timothy Paul Erdel

Parece que cristãos e muçulmanos adoram ao mesmo Deus, o único verdadeiro Deus, um Deus de graça e amor, a quem devemos gratidão eterna. Tanto cristãos quanto muçulmanos adoram ao Deus de Abraão, o Deus que ouviu o choro de Ismael, falou com sua mãe, Hagar, que estava chorando, poupou a ambos e prometeu fazer de Ismael uma grande nação. Portanto, só poderia ser adequado William Lane Craig recuperar o argumento cosmológico muçulmano medieval do Kalan sobre a existência de Deus. Portanto, parecia ser natural quando meu bondoso aluno muçulmano do Senegal, Abdou Aziz Thianoum, levantava rotineiramente sua mão e pedia-me para que me lembrasse de suas necessidades específicas, isto é, quando perguntava se havia algum pedido dos alunos pelos quais deveria orar antes do início de cada aula de Introdução à Filosofia na última primavera em Bethel College, Mishawaka, Indiana.

Nesta mesma primavera, Aziz fez o discurso de despedida por sua formatura, no banquete do time de basquete masculino Bethel College Pilots. Ninguém se esforçou mais nos treinos durante seu tempo em Bethel; mas, devido a uma série de erros de comunicação extremamente frustrantes e algumas decisões burocráticas, um excelente futuro atleta de ponta (que havia recebido autorização para jogar na divisão I da NCAA - associação de basquete universitário americana) nunca recebeu a certificação para jogar no nível II da NAIA - outra associação de basquete universitário com menor prestígio que a NCAA - pela Bethel. Nem um único segundo ele jogou, por problemas burocráticos. Apesar disso, seu discurso de despedida foi de extrema gratidão por tudo que a Bethel é e por tudo o que a família Bethel havia feito em seu favor. Embora tivesse começado com um pedido de desculpas por não ser capaz de expressar adequadamente suas emoções verdadeiras, já que ele "nunca chorava", logo irrompeu em choro, soluçando incontrolavelmente, e finalmente, após esforços repetidos para recuperar a compostura, voltou à sua mesa, onde baixou sua cabeça e chorou silenciosamente até o final do banquete. A graça de Deus parecia muito mais evidente em sua vida do que na de outras pessoas naquele campus que eram cristãos confessos.

Ao contrário, o Deus cristão é o Deus Triúno da ortodoxia histórica cristã, Pai, Filho e Espírito Santo, o Deus que é amor no âmago do seu ser por toda a eternidade precisamente porque há um relacionamento de amor eterno e triúno entre essas três pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo. Esse Deus Triúno, negado pelos muçulmanos, criou todo o universo, fazendo dos humanos sua imagem e semelhança. Esse Deus de graça e misericórdia não pesa nossas boas e más obras em uma balança para ver se iremos para o céu ou para o inferno. Em vez disso, o Deus revelado nas Escrituras move a balança radicalmente em nosso favor, muito além de qualquer mérito possível de nossa parte. Ele faz assim por causa da justificação proporcionada por seu unigênito Filho, que sofreu e morreu em nosso favor, suportando uma sequência inacreditavelmente cruel: traição, negação, deserção, zombaria, espancamentos, açoitamentos e crucificação. Ninguém que abertamente nega o sacrifício salvífico de Jesus na cruz deve esperar entrar no Reino de Deus.

É revelador o fato de alguns ramos do Islã, como o sufismo, que parecem mais abertos à graça e misericórdia divinas que outros, serem declarados heréticos por outras correntes do Islã. Portanto, o caminho ao Deus de graça e misericórdia está bloqueado por afirmações dogmáticas negando a pessoa divina e a obra salvífica de Jesus Cristo, o Filho de Deus.

Respondo que há apenas um Juiz, e ainda vemos através de um vidro escuro. Se nossas orações forem ouvidas e respondidas, além de todo o deserto, esperança ou expectativa, quem somos nós para determinarmos se Deus ouve ou não e responde as orações e a adoração de um muçulmano? A maior parte das ações de Deus permanecem um mistério para nós. Quem somos nós para declararmos de maneira definitiva o que Deus faz ou deveria fazer em resposta aos lamentos e súplicas e orações e adoração daqueles que são criados à sua imagem? Embora precisamos pregar e ensinar a verdade cristã da forma mais clara e cuidadosa possível, nunca fazendo concessões sobre as afirmações das Escrituras, encorajando os muçulmanos a abraçarem a verdadeira fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus, não estamos em posição de fazer nenhuma determinação final ,que é prerrogativa de Deus e mais ninguém. Cabe a Deus, não a nós, decidir o quão abrangente é a sua misericórdia. Oro pela salvação de Aziz assim como oro pela minha própria salvação e da de meus familiares. Que Deus, em sua grande misericórdia, ouça as orações de seus filhos e filhas.

Timothy Paul Erdel é Professor de Religião and Filosofia em Bethel College,
Indiana.



Traduzido por Fabio Martelozzo Mendes ( fabiomartelozzo@gmail.com )

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